Sessão 6/21

Página 3/4 Tópico B: As dimensões do comportamento seguro do cuidador

Tema B: As dimensões do Comportamento de Cuidador Seguro

Qual é a melhor forma de agir quando você foca no trabalho de relações com crianças? Não se trata tanto do que você faz (a tarefa), mas da maneira como você faz (a relação). A forma como você se relaciona com um bebê (especialmente durante os primeiros dois anos) é um processo de aprendizagem, onde a criança aprende a lidar com separações e a se relacionar com outras pessoas. Isso é aprendido com os primeiros cuidadores, e a interação com esses cuidadores forma o padrão de apego da criança.

UMA CRIANÇA SEGURA – O PADRÃO DE APEGO SEGURO

Cuidadores que praticam a Base Segura e, assim, promovem padrões de apego seguro.

Quando um cuidador age de forma segura, a criança tende a ficar triste quando o cuidador se afasta – mas não por muito tempo. Logo ela começará a engatinhar e passará muito tempo brincando e explorando, como vimos na Sessão 4. Uma criança pequena com bons cuidadores desenvolverá um padrão de Apego Seguro. À medida que cresce, ela desenvolverá uma ideia positiva de si mesma e uma atitude positiva e confiante em relação a outras pessoas, crianças e cuidadores. Ela buscará cuidado e ajuda quando precisar.

Ela será capaz de brincar com colegas, mas também de sair de uma atividade para encontrar novos amigos quando se entediar. Ela preferirá alguns cuidadores em relação a outros, com quem se sentirá mais apegada, e desenvolverá amizades com colegas. Quando crescer, funcionará bem em relações sociais, aprenderá na escola e aproveitará seu potencial máximo. Isso só acontece se os cuidadores se relacionarem com o bebê ou a criança pequena de maneira segura.

O QUE SIGNIFICA CUIDAR DE FORMA SEGURA?

A ciência estudou como os cuidadores dão à criança uma relação segura e desenvolvem nela um padrão de apego seguro. Aqui estão cinco vídeos e textos para ilustrar e explicar:

CONTATO MÚTUO
Este vídeo demonstra a dimensão chamada “Contato Mútuo” em três situações diferentes. Contato mútuo significa ter um contato responsivo com um bebê ou uma criança. Primeiro, com um bebê, observe como o cuidador faz contato visual, usa uma voz melodiosa e balança o bebê para que ele se sinta calmo e seguro. Segundo, com uma criança pequena: observe como a atividade tem ritmo. Terceiro, um cuidador planejando refeições com seus meninos: a parte importante aqui é que o cuidador ouve e presta atenção ao que os meninos estão dizendo. Palavras-chave são envolvimento e dinâmica na conversa.

SER SENSÍVEL
Os cuidadores agem de maneira sensível. Eles têm tarefas (alimentar o bebê/criança, vestir a criança, cantar músicas ou fazer outras atividades, etc.), mas “leem” os sentimentos da criança e resolvem a tarefa de maneira flexível: se a criança está triste, eles a confortam enquanto colocam os sapatos, se a criança está feliz colocando os sapatos, isso vira uma brincadeira, etc.

Ser sensível significa que você não segue regras rígidas, mas, em vez disso, motiva a criança atendendo-a e compreendendo como ela se sente naquele momento.

Assista ao vídeo de uma criança que não consegue terminar os seus trabalhos de casa. Observe como o cuidador age de maneira sensível, “lê” os sentimentos da criança e responde de forma flexível, mostrando compreensão.

SER ACESSÍVEL À CRIANÇA
Os cuidadores estão disponíveis para a criança. Se a criança está angustiada, triste ou precisando de ajuda, há um cuidador por perto para confortá-la e acalmá-la, fornecendo uma base segura. O cuidado é dado sem condições e rapidamente, até que a criança se sinta segura novamente.

Neste exemplo da Tanzânia, a mãe demonstra estar disponível para as crianças, interrompendo o que estava a fazer e indo ajudá-las quando a chamam.

SENTIR COM A CRIANÇA, NÃO COMO A CRIANÇA
Se a criança está zangada, triste ou muito desesperada, o cuidador sente com a criança, mas não como a criança. Mesmo que a criança esteja animada ou zangada, o cuidador não fica animado ou zangado – ele ou ela permanece calmo. O cuidador não repreende nem castiga a criança. Ele pode ser firme, mas não sente raiva como a criança sente e fala com ela de forma gentil e calma.

Uma criança ficará mais insegura se o cuidador também ficar zangado quando ela estiver zangada.

Observe neste exemplo da Tanzânia como o cuidador da menina mantém a calma, mesmo que a menina esteja frustrada e externando seus sentimentos. O cuidador deixa a menina entender que reconhece os seus sentimentos, mas não a repreende nem fica frustrado. Ela sente com a criança, mas não como a criança. Rapidamente, a menina se acalma e volta a brincar.

MENTALIZAÇÃO
Os cuidadores estão interessados no que a criança sente e pensa, e tentam refletir o estado dos sentimentos e pensamentos da criança. Mesmo antes de a criança entender as palavras, eles falam com ela enquanto tentam entender o que ela pode estar sentindo e pensando.

Este vídeo mostra um cuidador que pratica a mentalização. O cuidador ouve o menino e ajuda-o a entender sua situação e seus sentimentos. Ao dizer-lhe que está tudo bem perder um livro e que tudo ficará bem, o cuidador demonstra interesse no que o menino sente e ajuda-o a compreender a sua situação.

Perguntas para reflexão

Se você observar um dia normal com suas crianças: Em quais atividades você pode prestar mais atenção em responder às crianças quando elas querem contato?

  • Contato mútuo: Você tem atividades todos os dias em que presta muita atenção ao contato mútuo entre um cuidador e outras crianças (cantar, brincar, etc.)? Como você pode fazer atividades de contato mútuo com os bebês enquanto realiza tarefas práticas?
  • Ser sensível: Pense em uma tarefa diária e pense em como sua criança acolhida reage a algo que ela precisa fazer (comer, vestir-se, etc.). Qual é a melhor maneira de motivar a criança a realizar a tarefa? Como você pode ser sensível com essa criança – que comportamento do cuidador dá o melhor resultado?
  • Ser acessível à criança: Se uma criança precisa de sua atenção ou ajuda (com medo, insegura, infeliz, com dor), quanto tempo ela tem que esperar até que você atenda? Você não deve exigir que a criança aja de uma maneira específica para obter sua ajuda; ela deve receber ajuda quando precisar.
  • Sentir com a criança, não como a criança: Quando uma criança está desconfortável, zangada, constantemente discutindo, irritada ou tendo um acesso de raiva, como os sentimentos da criança o(a) afetam e fazem com que você responda? Como você pode prestar atenção ao que acontece com você e permanecer calmo(a), firme e gentil, mesmo que a criança esteja agindo de forma irracional? Que tipo de comportamento pode fazê-lo(a) sentir-se irritado(a) ou zangado(a)? Como você pode garantir que não sentirá como a criança?
  • Mentalizar – Refletir os pensamentos e sentimentos da criança: Como podemos falar com as crianças sobre os próprios pensamentos e sentimentos delas e treinar sua compreensão sobre o que os outros pensam e sentem? Como você pode falar com as crianças enquanto trabalha com elas? Por exemplo: quando você realiza uma tarefa com uma criança, você também pode falar sobre o que vê acontecendo com a criança:
    • “Agora você vai brincar com este brinquedo – vejo que você está um pouco assustado com ele porque nunca viu este brinquedo antes – tudo bem, vamos olhar para ele juntos.”
    • “Agora você está bebendo da sua garrafa, você está mesmo com fome. É tão bom comer, isso te deixa feliz, não é?”

    Sugestões de atividades

     

    • Reflita sobre como você pode melhorar as formas como se relaciona com as crianças (contato mútuo, sensibilidade, etc.).
    • Reflita especialmente sobre os problemas que podem surgir ao melhorar o trabalho de relações (“Estou muito ocupado(a), é difícil fazer algo novo”, etc.) e reflita sobre como você pode superar alguns desses problemas.
    • Reflita sobre como antigas atitudes negativas podem impedi-lo(a) de praticar o comportamento de cuidador seguro:
      • “Meus pais sempre costumavam me repreender, como posso evitar fazer isso quando trabalho?”
      • “Como cuidador(a) de acolhimento, você não deve ter relações pessoais com as crianças.”
      • “Não temos tempo e energia para fazer tudo isso.”
      • “Se as crianças começarem a se apegar a mim, ficarão tristes quando eu for embora e eu também ficarei triste.”

    Todas essas atitudes têm algo verdadeiro nelas, mas você deve abandoná-las. Elas não são boas para o desenvolvimento infantil. Sim, se você não recebeu bons cuidados de seus próprios pais, precisará exercitar ser um bom(a) cuidador(a), mas você consegue fazer isso.

    Ter relações pessoais com as crianças e permitir que elas se apeguem a você é, de fato, a parte mais importante do trabalho do cuidador(a) de acolhimento. Sim, as crianças ficarão tristes ao se despedir se você permitir que elas se apeguem, mas isso faz parte da vida e é muito melhor para elas do que se nunca aprenderem a ter uma relação pessoal com um(a) cuidador(a). Um relacionamento próximo é inestimável para qualquer criança.

    Reflexões

    Reflita sobre como você pode realizar o trabalho de relações organizando as atividades diárias de novas maneiras:

    • Talvez você possa dividir seu trabalho de novas formas mais eficientes, para que suas crianças saibam onde e quando você estará acessível para elas?
    • Talvez existam mais atividades diárias nas quais você possa incluir suas crianças?